Acolhimento e empoderamento em projeto de extensão incentiva a entrada de mulheres na área da tecnologia
meninas digitais do vale - foto: Divulgação |
Confira na integra, reportagem completa do site do projeto de extensão da UFC em Russas.
Segundo a pesquisa Women in Technology, da Michael Page, uma das principais razões para a escassez de mulheres líderes na área da tecnologia é a falta de inscrições por parte desse público, o que soma uma porcentagem de 38%. Esse número exibe o baixo incentivo que recebem neste âmbito, ao expor as adversidades devido ao preconceito de gênero. Na busca de inserir mais mulheres no campo, foi criado o projeto de extensão “Meninas Digitais do Vale”, no Campus de Russas da Universidade Federal do Ceará.
O “Meninas Digitais do Vale” surgiu no ano de 2018 e faz parte do Programa Meninas Digitais, da Sociedade Brasileira de Computação, que busca novos talentos femininos para a área de Tecnologia da Informação (T.I). Devido à disparidade de gênero nos cursos e a frequência de evasão das estudantes no Campus de Russas, a coordenadora do projeto e professora dos cursos de Engenharia de Software e Ciências da Computação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Anna Beatriz Marques, que já conhecia a iniciativa nacional, decidiu trazer esse movimento para a UFC.
No início, o projeto contava com seis estudantes voluntárias que, junto à coordenação da ação, buscaram investigar a alta evasão de alunas na universidade no âmbito da Computação. A partir dessa pesquisa, um dos principais objetivos do projeto passou a ser, além de incentivar a entrada de estudantes nos cursos, auxiliar sua permanência na faculdade.
Para Anna Beatriz, a ação deu diversas perspectivas na área e a possibilidade de empoderamento na universidade para essas mulheres. “Já acompanhei alunas que estavam no curso muito desacreditadas, achavam que tinha escolhido uma área que não era para elas. Mas, ao longo do projeto, elas começaram a se encontrar, porque o que faltava era uma oportunidade delas desenvolverem essas habilidades e alguém que acreditasse nelas”, afirma a coordenadora.
Em uma tentativa de desmistificar os estereótipos que as mulheres enfrentam na área de T.I, o projeto realiza várias atividades com o público dentro e fora do Campus de Russas. São efetuadas, por exemplo, oficinas e minicursos que abordam o tema da Computação em escolas públicas e particulares do ensino fundamental e médio no município de Russas.
A voluntária e estudante de Engenharia de Software do “Meninas Digitais do Vale”, Sofia Bento, reforça a importância da atuação do projeto na área acadêmica para as mulheres, ao potencializar seus valores e autoestima. “Quando você entra no projeto, você começa a desenvolver essa autoconfiança, que o que você fala também é válido e que as pessoas devem te respeitar por isso. Eu sinto que consigo debater sobre o assunto sem me sentir inferior ou menos preparada para falar sobre”, explica a estudante.
Além das oficinas, também ocorrem palestras com temas atuais da Computação, promoção de fóruns para a discussão sobre Gênero e Computação e ações de mentoria acadêmica para alunas ingressantes com o objetivo de acolhimento e incentivo à permanência. A iniciativa ainda utiliza as mídias digitais para a divulgação de projetos parceiros, eventos, atuações de mulheres da área e webséries com egressas do curso.
Uma das atuais participantes da ação foi impactada pelas redes sociais do projeto enquanto ainda era estudante do Ensino Médio. A discente de Engenharia de Software, Ranya Greco, destaca como o “Meninas Digitais do Vale” influenciou o seu ingresso no curso. “Antes de me mudar pra cá [Russas], eu vi o projeto no Instagram e foi um grande incentivo até pra entrar na faculdade. Eu tenho amigos no meio tecnológico, só que todos são homens, aí vi o projeto e senti ‘eu quero fazer parte disso’”.
Atualmente, o “Meninas Digitais do Vale” é quem procura as instituições de ensino para oferecer suas oficinas e minicursos. Mas diante do crescente interesse de escolas na região sobre o assunto, a ação extensionista pretende desenvolver um canal de comunicação para facilitar o contato entre projeto e comunidade.
As palestras são realizadas nas escolas de ensino básico, do município de Russas, e as oficinas nos laboratórios do curso. Além do conhecimento na área da computação, as(os) estudantes também podem conhecer melhor o novo campus, inaugurado em 2011. Esse contato ajuda a incentivar a aproximação do público local com a Universidade.
Além das atividades locais, o projeto também apresenta seu trabalho em congressos ao redor do País. Para a extensionista Rayanne Mota, os artigos científicos são um importante meio de crescimento dentro da pesquisa acadêmica. “Eu acho extremamente interessante que os seus artigos participam de concursos. Você pode trazer aquele assunto que considera interessante e pode ver o quanto vai crescendo”, explica Rayanne.
Próximo de completar cinco anos desde a
sua criação, uma das aspirações do projeto é um dia poder contar com uma
turma em que as mulheres não estejam em menor número e haja
representação igualitária de gênero.
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