A eleição americana é decidida por 538 delegados, e a batalha se concentra em estados-chave que oscilam entre democratas e republicanos
Eleição dos Estados Unidos | Foto: reprodução |
Com um sistema único e complexo, a eleição presidencial americana é decidida por estados estratégicos e o poder dos delegados
Nesta terça-feira, dia 5 de novembro de 2024, os eleitores dos Estados Unidos vão às urnas para escolher o novo presidente em um dos processos eleitorais mais emblemáticos e complexos do mundo. Para nós, brasileiros, entender como funciona essa eleição é fundamental, pois o sistema americano é bem diferente do que temos aqui. Neste artigo, vamos explicar como a eleição presidencial nos EUA é decidida, o que são os delegados, quais estados são decisivos e como cada detalhe conta para determinar o próximo ocupante da Casa Branca.
1. O Colégio Eleitoral: Decidindo pelo Número Mágico de 270
Diferentemente do Brasil, onde o presidente é eleito diretamente pelo voto popular, nos Estados Unidos quem decide é o Colégio Eleitoral. Mas o que é isso? Em vez de contar os votos populares de forma direta, o sistema americano funciona por meio de delegados. São 538 delegados no total, distribuídos entre os 50 estados e o Distrito de Columbia (Washington D.C.), de forma proporcional à população de cada estado. Para ser eleito, o candidato precisa garantir uma maioria de 270 delegados.
•Como esses números são formados? A composição do Colégio Eleitoral reflete o Congresso dos EUA. Cada estado tem um número de delegados baseado no seu número de representantes na Câmara dos Representantes (435 no total) e no Senado (100 senadores, dois por estado). Além disso, o Distrito de Columbia tem três delegados, conforme determinado pela 23ª Emenda à Constituição.
2. Estados Azuis e Vermelhos: A Polarização é Visível
Nos EUA, os estados são comumente classificados como “blue states” (estados azuis), que tendem a votar nos democratas, e “red states” (estados vermelhos), que tradicionalmente escolhem os republicanos. Estados como Califórnia, Nova York e Illinois são azulados, enquanto Texas, Alabama e Mississippi são bem vermelhos.
Porém, é a pequena lista de estados indecisos — os famosos “swing states” — que de fato determina o resultado da eleição. Entre eles estão Flórida, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Geórgia, Arizona e Carolina do Norte, que são disputados voto a voto, dada a sua importância no número de delegados.
3. O Sistema “Winner-Takes-All”: Vencedor Leva Tudo
Outro ponto essencial do sistema eleitoral americano é o método “winner-takes-all” (“o vencedor leva tudo”). Em quase todos os estados (com exceção de Maine e Nebraska), o candidato que ganha a maioria dos votos populares leva todos os delegados daquele estado. Por exemplo, se um candidato vence na Flórida, ele leva todos os 30 delegados do estado, mesmo que a diferença de votos tenha sido mínima. Essa característica cria situações onde um candidato pode ganhar a eleição pelo Colégio Eleitoral, mas perder no voto popular, como aconteceu nas eleições de 2000 e 2016.
4. Número Mínimo e Máximo de Delegados por Estado
Cada estado tem um mínimo de três delegados (dois senadores e pelo menos um representante). Os estados maiores, como a Califórnia, têm 55 delegados devido à sua grande população. Já estados como Wyoming e Vermont têm apenas três delegados. Essa distribuição reflete a estrutura do Congresso, onde o número de representantes na Câmara é proporcional à população, enquanto cada estado tem sempre dois senadores.
5. A Decisão Recai sobre 538 Delegados
Com o total de 538 delegados, o Colégio Eleitoral garante que a eleição não dependa exclusivamente do voto popular, mas de uma combinação entre a representação proporcional da população (Câmara dos Representantes) e a igualdade entre os estados (Senado). Esse sistema federalista visa equilibrar o poder entre estados populosos e menores.
6. Os Swing States: A Batalha Final
Os candidatos focam suas campanhas em um pequeno grupo de estados indecisos, onde a eleição pode ser decidida. Estados como Flórida, Pensilvânia e Michigan são críticos para alcançar os 270 delegados necessários. Por isso, esses estados recebem atenção especial nas campanhas e são palco das principais estratégias e disputas.
7. Função do Vice-Presidente: O Presidente do Senado
Além de ser o substituto direto do presidente em caso de necessidade, o vice-presidente dos Estados Unidos desempenha uma função essencial no governo: presidir o Senado. No entanto, o vice-presidente não participa das votações diárias, exceto em casos de empate, onde ele atua como voto de desempate. Esse papel é crucial, especialmente em um Senado dividido, pois o voto do vice-presidente pode definir decisões importantes de políticas públicas e nomeações.
8. Delegados: Representantes do Partido no Colégio Eleitoral
Os delegados do Colégio Eleitoral são pessoas reais, indicadas previamente pelos partidos para representar os votos do estado. Em um estado onde o sistema “winner-takes-all” é aplicado, todo o grupo de delegados do partido vencedor é escolhido para votar no Colégio Eleitoral. Assim, se um candidato democrata vence na Califórnia, por exemplo, os 55 delegados indicados pelo Partido Democrata são os responsáveis por votar no Colégio Eleitoral.
Conclusão: A Importância de Entender o Sistema Americano
Para nós, brasileiros, entender o sistema eleitoral dos Estados Unidos é fundamental, especialmente para analisar as consequências políticas globais. A eleição americana é marcada por uma divisão clara entre estados azuis e vermelhos, pela importância decisiva dos estados pêndulos e pelo complexo sistema de delegados. Em resumo, o Colégio Eleitoral, apesar de controverso, reflete o equilíbrio entre população e estados, garantindo uma representação mista.
No próximo dia 5 de novembro de 2024, o mundo estará de olho nessa eleição, onde cada voto em estados estratégicos pode definir o futuro dos Estados Unidos e, por consequência, influenciar o cenário global.
Por Elias Tavares, cientista político.
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